Incentivo e incêndio: tudo a ver?

Há palavras com diversos significados, dependendo do contexto e das interpretações. Uma, em particular, sempre me chamou atenção, pois seu significado muda conforme a nossa idade. Incentivo é a palavra. Quando crianças, esperávamos o incentivo dos pais para ir para escola, praticar um esporte ou para simplesmente ler um livro. O incentivo vinha com carinho e, muitas vezes, pelo exemplo. Quando adultos, o incentivo passa a ser algo financeiro com o objetivo prático de recompensar por uma tarefa bem realizada ou de estimular para uma nova tarefa ou desafio.

Incentivo, do latim, Incentivu, estímulo, aquilo que incende, incendeia, estimula, incita e encoraja. Poderia afirmar que incentivo em demasiado, pode incendiar os ânimos, entusiasmando uma coletividade. É como colocar fogo, energia no grupo (não custa lembrar que “botafogo” é nome de time de futebol que deriva dessa semântica enviesada). É um incêndio benigno.

Incendium, em latim, ação ou efeito de incendiar, em sentido figurado, excitação resultante de um sentimento intenso. Quando estamos assistindo a um clássico de futebol e uma equipe está vencendo o jogo, digamos por três a zero, o jogo torna-se por vezes desinteressante. Se a equipe perdedora esboça uma reação, fazendo um e, em seguida, outro gol, dizemos que o jogo foi incendiado tamanha a emoção com que passamos acompanhar a partida. 

Assim, incentivo é tanto a longínqua palavra de nossos pais quanto a participação nos lucros após um período positivo da empresa. O incentivo quando bem administrado pode “incendiar” o ambiente de trabalho fazendo com que o grupo se supere e vença desafios extraordinários. 

Depois de liderar empresas por muitos anos, percebi que o incentivo que “incendeia” tem a mesma natureza do incentivo de nossos pais. O incentivo quando toca o emocional é mais profundo e muda de nome, ele passa a ser conhecido por motivação ou por entusiasmo (é sempre bom lembrar que entusiasmo vem do grego, enTEOsiasmo, ou seja, quando temos Deus dentro de nós). A liderança que motiva e entusiasma vai muito além da simples chefia que cumpre acordos para pagamento de participação nos resultados. 

Ao líder compete utilizar incentivos para criar uma cultura diferenciada. A aplicação correta de incentivos, ano após ano, gera uma cultura vencedora, pois os incentivos motivaram todos e sinergizaram as relações. 

Incêndio no mundo real é o fogo destruindo e até causando tragédias. Incêndio no mundo de quem lidera uma organização é conseguir um estado tal de comprometimento, de sinergia, que de tão iluminado atinge resultados superiores.

Incentivar deve ser o signo da atitude de quem lidera. Incentivar não é, nem de longe, doar. Incentivar é, através da boa prática, construir o futuro do indivíduo e da organização. Pode ser através do respeito diário, ouvindo sobretudo, de um ensinamento, de uma palavra na hora certa, de um curso no exterior ou até de um reconhecimento pecuniário. Pode ser tanta coisa a atitude de incentivar. É “botar fogo” na organização para acelerar sua evolução.

Anterior
Ando à procura de um jovem talento
Próximo
Qual foi o melhor ano de sua vida profissional?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Preencha esse campo
Preencha esse campo
Digite um endereço de e-mail válido.
Você precisa concordar com os termos para prosseguir

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Menu