Evoluir é repetição e inovação simultaneamente

Tento evoluir a cada semana. Um pouco que seja. Todo dia e a cada momento, não consigo. Rotina sugere repetição, mas rotina também deve sugerir inovação. Repetição e inovação devem sugerir evolução, seja do indivíduo ou do coletivo, da organização.

Estabelecendo a trajetória humana como um desafio permanente de evolução, devemos também refletir e discutir como nós e nossa organização podem evoluir.

Um corredor de maratonas, uma empresa que publica balanço periódico ou uma sociedade que mede seu IDH podem, através de métodos quantitativos, sugerir uma trajetória evolutiva ao longo do tempo.

Quando lidamos com a vida (e a multidão que nos habita, nossos sentimentos e emoções), o desafio de medir a evolução torna-se ainda mais difícil. Métodos quantitativos pouco ajudam e as abordagens fenomenológicas são as mais usadas.

Números para medir o que é possível. Palavras para tentar inventariar o que não se mede.

No mundo das coisas que tocamos, um parafuso para avançar um passo precisa dar toda uma volta em torno de seu próprio eixo. Quanto mais duro o material penetrado pelo parafuso, menor deve ser o seu passo. Também, quanto menos duro for esse material, maior pode ser o passo. Levando esse raciocínio do mundo das coisas para o mundo da vida, poderíamos imaginar que quanto mais difícil o desafio, menor é o passo que podemos dar. A evolução do que é mensurável é menos difícil do que a evolução do que só é perceptível.

A evolução é uma helicoide que avança a partir de conhecimento, atitude e sensibilidade, seja no individual ou no coletivo.

Seria possível alguém que não conhece a rotina de uma determinada função, repensá-la, desconstruí-la? Seria possível um bom pedreiro redefinir um Iphone ou um grande engenheiro eletrônico reconceber a argamassa usada na construção civil? Tudo é possível, mas nem tão provável assim.

As grandes inovações surgem dos “becos sem saída” das rotinas dominadas, do esgotamento do modelo da “melhoria contínua” para o livre pensar. Reconceber paradigmas e plataformas. Há algo que pode acontecer (para poucos) que é a habilidade de destruir aquilo que é dominado e conceber o novo a partir das necessidades e desejos que a rotina não mais atende. Aquele que mais conhece a rotina, se provocado de alguma forma, é o que mais pode dar à luz o novo. Assim é a evolução. Repetição, domínio processual e a inovação que reconcebe (ou mesmo destrói) o próprio processo.

Os setores da economia de maior grau de inovação são as indústrias de mobilidade, as ciências da vida e a convergência tecnológica entre velocidade de processamento de informações e telecomunicação. De onde surgem os mananciais de inovação de cada uma dessas indústrias se não forem dos próprios laboratórios de P&D que conhecem profundamente seus processos e produtos? Só destrói uma rotina quem a conhece em profundidade e não perdeu, de alguma forma, a lucidez e a capacidade de abstração.

Assim, a cada semana, tento reservar um período (normalmente, domingo à tarde) para ver se evoluí na minha trajetória ou e apenas repeti a semana anterior.

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