A agenda permanente de uma empresa deve ser ditada pela sua contínua reinvenção. Otimizar seus processos e rotinas para, em seguida, destruí-los e abandoná-los. Enriquecer as discussões no seio da empresa com o objetivo de torná-la diferente, criativa e original deve ser sempre a maior preocupação das lideranças.
Em tempos de extremismos ideológicos, é comum testemunharmos a discussão política invadir as pautas empresariais, as conversas entre amigos e até as reuniões familiares, causando quase sempre apenas desarmonia. É um atrito que só gera calor e nenhum movimento.
Evitar pautas negativas no dia a dia da empresa é uma tarefa da liderança. Uma organização é uma estrutura com uma função específica. E nem todas as discussões devem fazer parte das agendas de todas as organizações. Cada organização deve ter sua pauta específica aderente à sua função essencial. Criar uma pauta positiva, comprometida com o desempenho e com o futuro da empresa é o primeiro passo para a criação de uma cultura de vanguarda.
Uma empresa não é uma democracia, menos ainda, uma igreja ou um clube de recreação. Sua propriedade define o poder da organização e sua dinâmica é ditada por resultados sustentáveis. Polarizações e discussões políticas ou de credo não acrescentam qualquer valor à organização, pelo contrário, geram apenas estresse e desgaste relacional.
Desde cedo, compreendi que a natureza dos assuntos tem a ver com a natureza das organizações. Da mesma forma que não falamos da fé performante quando estamos na igreja, tampouco falamos de planos de cargos e salários quando apoiamos um determinado partido político. Assim, política e religião devem fazer parte dos assuntos a serem evitados nas empresas.
Usar seu espaço na empresa para defender suas preferências políticas não melhoram a empresa em nada. Suas opções política e religiosa têm a ver com o cidadão e não com o empregado ou o empresário. Sei que, cada vez mais, os muros que separam as empresas das sociedades onde atuam estão caindo, mas ainda existem. Trazer para dentro das empresas discussões que acirram os ânimos e tendem a tensionar inutilmente o clima da organização, parece-me, apenas uma iniciativa deletéria.
Vejamos o assunto “diversidade”, seja de gênero ou de raça. Também era um tema enrustido nas organizações até bem pouco tempo atrás. As sociedades amadureceram, o tema começou a ser debatido, foi criado um arcabouço legal e as empresas, em grande maioria, abraçaram o tema e começaram a se reposicionar. Ainda somos empresas quase sempre comandadas por homens brancos, o caminho a ser percorrido ainda está bem no início, mas estamos avançando.
Diferentemente do tema diversidade, os temas política e religião não têm o mesmo signo. O tema diversidade é pauta de um processo civilizatório inclusivo, totalmente diferente das visões política e religiosa que são escolhas individuais, de como cada um vê o mundo, o tempo e a vida. E, não raro, tais assuntos têm uma estranha característica de acirrar os ânimos de quem os debate.
Cabe à liderança a construção permanente de uma agenda adequada e positiva aderente às funções essenciais da empresa. Isso implica retirar ou impedir que temas estranhos, sem criação de qualquer valor, não ocupem espaços em nossas empresas.
Ao longo dos anos, não vi nenhuma experiencia positiva trazer para dentro da empresa tais assuntos. Sem radicalismos, convém excluí-los de nossas pautas empresariais.
2 Comentários. Deixe novo
Concordo plenamente Murilo. Para quem defende uma ideologia ou tem uma religião acredita ser o dono da razão, e isto gera atritos que em nada ajudam nos resultados da empresa e na melhor relação interpessoal.
Interessante, que quando pensamos em um ambiente coorporativo somos tendenciosos que trata-se de uma extensão da democracia. Isso é um erro, talvez por uma questão mal discutida e interpretada nos dia atuais, principalmente na escola. E também um aspecto crucial é ter o bom senso para não misturar assuntos que não contribuem para o sucesso da empresa. Temas negativos ou sensíveis requerem maturidade e prudência , no que tange ao ambiente de trabalho. Temos como responsabilidade, compromisso e excelência embora transitem pelas áreas da política e religião, podem ser discutido sem o viés ideológicos viciantes. Antes de tudo, deve ser obrigatório o respeito ao ambiente corporativo e as suas regras.