Quem quer um futuro melhor que o passado?

Costumo começar a mentoria em nossa empresa de serviços com essa provocação. Até hoje, não houve exceções. Todos, parece óbvio, querem uma vida melhor.

Em seguida, provoco sobre como provocar essa virada. A ponte entre o passado e o futuro é a rotina diária e quase todos têm uma ideia de que rotina sugere repetição. Se pensarmos assim, não tem saída. O desafio, então, é ressignificar a palavra rotina e a ideia que temos dela.

Rotina deve possuir a força dialética de repetir melhorando, ou seja, repetir inovando.

Fomos alfabetizados gerencialmente que um processo controlado tem a ver com um sequenciamento maquinal de repetir as atividades. Isso foi importante no final do século passado com diversos métodos de gestão que enfatizaram a rotina mais como repetição do que inovação.

Alguns deviam inovar e outros, repetir.

O conceito de melhoria contínua tentou resolver (até que ajuda para empresas em fase inicial de evolução em sua gestão). Mas, como lidar com inovações disruptivas que passaram a brotar em todo canto do mundo e a invadir nossa rotina diária?

Nossos colaboradores (aqueles que querem um futuro melhor que o passado) precisam ser provocados e educados a introduzirem em suas respectivas rotinas os gens da repetição, da melhoria contínua e da inovação disruptiva. Tudo junto.

Time que está ganhando é o que mais pode inovar. Mudar mais. Temos que ensiná-los que a única experiencia valiosa para os dias de hoje é aquela que gera inovações e destroem rotinas para dar à luz novas práticas e novos horizontes.

O construto de “liderança dialética”, que trabalho há anos, tem como um dos principais desafios a reconcepção de rotina, ponto-chave para que processos sustentáveis de longo prazo possam ser construídos.

Continuo vendo empresas “pedeceando” seus processos como Deming fazia no pós-guerra na reconstrução do Japão. Isso é muito pouco para os dias de hoje.

Rotina deve ser o locus mais da inovação do que da repetição. Via de regra, nossos líderes estão afinados com o discurso da inovação, mas como fazer com que ela aconteça se não for através da rotina?

Nosso arcabouço legal que estabelece regras entre capital e trabalho nada fala sobre inovação! Estabelece rotinas quase centenárias para tal relação. Os advogados, que formulam contratos, estão orientados pelo passado, já que são operadores da repetição e da mitigação de riscos.

Quando me perguntam como começar a ter um futuro melhor que o passado, sempre respondo: mudando regras e contratos que estimulem a inovação e não a repetição.

Reconheço como é difícil esse rompimento de forma geral, mas aquelas empresas que conseguirem nortear suas relações por desejo de inovação serão, a meu ver, as que terão rotinas diferenciadas.

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