Peter Drucker, organização, conhecimento e liderança.

A vida de Drucker confunde-se com o século XX. De família judaica, nasceu em Viena,1909, e faleceu em 2005 na Califórnia. Pensou e viveu em diversas culturas interpretando a história do homem e sugerindo tendências. Não conheci um contemporâneo, líder de organização, que não lhe admirasse ou não tivesse sido de alguma forma por ele influenciado.

Observador atento das circunstâncias, dos movimentos sociais e da economia, introduziu a sociedade nas empresas, derrubando muros e misturando realidades. A empresa, não como algo à parte da sociedade, mas ela própria como expressão do progresso do homem.

Drucker, sociedade das organizações, sociedade do conhecimento e liderança pelo conhecimento: esses temas dominaram boa parte de sua obra que continua importante fonte de reflexão.

Schumpeter, cinco dias antes de morrer, foi visitado por Drucker e seu pai. Economista famoso, já muito doente, Schumpeter, amigo de longa data do pai de Drucker, iria, nesse encontro, deixar marcas profundas na personalidade de Drucker: “ninguém se destaca a não ser que faça diferença na vida das pessoas”, sentenciava Schumpeter, indiferente à grande obra intelectual que nos deixaria. Fazer a diferença, fazer acontecer. A inovação que cria é também a que destrói.

Quando participava de um ou outro seminário com o velho Drucker, ele sempre encerrava sua participação, exortando a todos que tentássemos implantar pelo menos uma das suas ideias que tivéssemos julgado interessante. “Não se contente em entender!”.

O conhecimento só é útil (e verdadeiro) se ele muda algo ou alguém, não é exercício retórico, mas sim, transformador.

Aos poucos, Peter Drucker tornar-se-ia a minha mais influente referência para entender o que é uma empresa e o papel de sua liderança. Ao conhecê-lo em 1987, ainda não tinha uma percepção exata do alcance de suas ideias. O que mais me chamava atenção em seu pensamento era a centralidade das organizações na evolução da história. “O que caracteriza uma organização é a existência de uma função e uma estrutura. Harmonizá-las é o desafio maior da liderança”. Era um prazer ouvi-lo.

Suas abordagens tinham sempre raízes históricas e elaboradas e, ao mesmo tempo, desafiadoras, voltadas para frente e para fora: “Não podemos prever o futuro, mas podemos criá-lo” e“Dentro da empresa, temos só custos e problemas. Toda solução está fora”.

Drucker continua a nos provocar, sobretudo em tempos confusos e disruptivos que demandam líderes capazes de sentir e interpretar detalhes e sinais além dos que a maioria enxerga.

Dedicar mais energia naquilo que você já é bom poderá lhe tornar mais interessante e diferenciado do que insistir em corrigir seus pontos fracos. Aceitar certas limitações é também, de certa forma, superá-las. “Mais arriscado que mudar é continuar fazendo a mesma coisa” eExiste o risco que você jamais pode correr e o risco que você jamais pode deixar de correr” ensinava o velho mestre, revelando sensibilidade para conectar a evolução de cada um com a leitura do todo.

Embora a Administração tenha se tornado objeto de pesquisa acadêmica  somente no século passado, ela sempre existiu. Este artigo me fez lembrar de algumas ideias do Velho Mestre e de como ele ainda pode ser importante para aquele que pretende liderar sua organização de forma inovadora e consistente.

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