O tempo é o mistério maior de nossas vidas.
Passado e futuro se fundem na linha imaginária do presente assim como o céu e o mar desenham o horizonte que não existe.
Fui educado num mundo newtoniano que me fez relacionar o tempo com o movimento. Meus sentidos se relacionam com o tempo a partir do movimento. Atirar uma pedra num lago, fazendo-a quicar ajuda a formar nosso paradigma sensorial do tempo. O tempo de um chute a gol é internalizado na forma como vemos e esperamos que as coisas aconteçam.
No entanto, como afirma Rovelli em seu livro “A ordem do tempo”, a capacidade de compreender antes de ver é a essência do pensamento científico e o tempo da ciência não é captado pela vida real, pelos nossos sentidos.
Einstein com sua ideia de tempo relativo também não é alcançado por nossos sentidos apesar de sermos impactados por ela.
O tempo dos filósofos se aproxima mais de nossas percepções. A ideia da anterioridade kantiana de espaço-tempo como dimensão definitiva e além do mundo das coisas ou mesmo a fenomenologia husserliana, conjugando indivíduo e circunstâncias, podem aguçar nossa sensibilidade e rascunhar uma ideia de tempo e lógica.
Na literatura, o tempo de quem escreve, e chega à poesia, tratapor certo a ideia do tempo na vida e a finitude da existência como temas recorrentes chegando a ligar tempo e arte.
Diante do espelho, o poeta pergunta: “Quem é você, mais velho que eu, que me olha de um jeito procurando saber quem sou?” provocava Mario Quintana diante da passagem do tempo.
Filosofia do tempo, do espaço-tempo, da relatividade do tempo, quase todas essas abordagens teóricas são tão necessárias quanto distantes de nossa rotina diária.
Agora, quero falar do tempo das empresas.
O tempo dos físicos, dos filósofos, dos poetas e o tempo real da vida de quem nasce cresce e morre. É esse o tempo que trago para as empresas
O presente artigo está baseado no tempo que vemos e sentimos passar, na direção do tempo, a flecha do tempo. O tempo que não volta.
O tempo para um empresário é aquele que decorre entre uma ideia e a geração de riqueza. Sem esse caminho, não há o tempo de uma empresa. É apenas uma repetição rotineira condenada a deixar de existir.
Pouco sabemos da relação completa entre o mundo que vemos e o mundo. Sabemos que nosso olhar é míope (de novo, Rovelli, em A ordem do tempo).
Formalmente, com diferentes nomenclaturas, dividimos o tempo nas empresas em gestão de processos e comitês estratégicos. Passado, presente e futuros “pedeceados” pela cultura da melhoria contínua e a inovação buscada para saltos em oceanos azuis.
As empresas envelhecem e deixam de existir quando deixam de recriar o tempo decorrente entre a ideia (ou inovação) e a geração de riqueza. A empresa existe para gerar riquezas e seu tempo é definido pela capacidade de, continuamente, completar ciclos de inovação. Destruir o que já deu certo e sempre fazendo o novo de novo.