Imaginação ou meta: o que vem primeiro?

Se curiosidade e imaginação podem amalgamar um conceito de inovação, são as escolhas estratégicas e a rotina que dão forma e estrutura a um serviço ou produto inovador.

Assim, dependemos da imaginação e da rotina: ora mais de uma, ora mais da outra, ora de ambas simultaneamente, para que a gestão diferenciada seja alcançada.

Hegel distingue a imaginação ou meta (o que vem primeiro?) da fantasia (uma antiga corrente da filosofia grega para imaginação), sendo ambas manifestações da inteligência, do humano. A imaginação enquanto inteligência reprodutiva pouco agrega, mas quando se manifesta como fantasia, diferente, mais colorida e atemporal, torna-se uma arma poderosa de criação.

Podemos criar o futuro sem a força da imaginação?

A visão é uma fração da nossa imaginação. Para expandi-la, temos que fechar os olhos e tentar ver o tempo.

Aristóteles distingue imaginação de sensação e de opinião. Bacon a colocava ao lado da memória, enquanto São Tomás de Aquino não lhe conferia tanta importância: era apenas uma semelhança do real, uma sensação enfraquecida do objeto.

Espinosa atribui à imaginação os erros da mente, enquanto para Kant a imaginação é a “faculdade das intuições”, dividindo-se em imaginação produtiva e derivativa.

A imaginação pode produzir realidade, mas nela não há realidade. Será? Gostaria de perguntar a Fichte.

Palavras são sempre imprecisas e limitadas, mas continuam sendo a mais poderosa forma de comunicação coletiva. É desse conjunto de elementos e definições que surgem as mais importantes inovações, às vezes disruptivas, de nossa sociedade cada vez mais tecnológica.

Já a palavra meta tem inúmeros significados, e não iremos aos clássicos para escolher o sentido de objetivo, alvo a ser atingido. Sugere um certo controle da rotina, uma repetição de procedimentos para que possamos alcançá-la. Quase sempre, trata-se de um número.

Ao aprovarmos um Programa-Orçamento anual, o dilema entre imaginação e meta sempre permeia as discussões. Teoricamente, se não há inovação relevante, o crescimento (sempre desejado, embora não falarei sobre isso hoje) só poderá acontecer “fazendo mais do mesmo”: aumentando eficiência e cobertura, expandindo regiões e sacrificando margens.

Como prefixo ou como palavra, meta é o que vem em seguida, mais além, e pode tocar a imaginação. Pode parecer estranho, mas acredito que uma meta bem colocada, um número, é capaz de despertar a imaginação. Imaginação e meta se encontram quando há motivação.

Com mais de trinta anos na liderança de equipes, fui percebendo que o estabelecimento de um número como meta só cumpre seu papel quando toca simultaneamente a realidade e a imaginação.

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1 Comentário. Deixe novo

  • Haroldo Ribeiro
    maio 8, 2025 3:52 pm

    Mais um artigo para reflexão. Eu nunca havia pensado na interdependência destas duas palavras, principalmente no mundo empresarial, onde normalmente a meta é mais familiar que a imaginação. Parabéns Murilo.

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