Ciclos de vida em nossa evolução helicoidal

De que forma evoluímos? Conseguimos medir nossa evolução?

Um corredor de maratonas, uma empresa que publica balanço ou uma sociedade que mede seu IDH apenas através de métodos quantitativos sugerem uma trajetória evolutiva ao longo do tempo.

Quando lidamos com a vida, nossa vida, com essa multidão que nos habita — nossas emoções, intangíveis, tão fortes e reais —, o desafio de medir a evolução torna-se bem mais difícil. Não temos uma unidade para medir nossa evolução. Momentos de paz, sucesso nos negócios, noites bem dormidas, uma companhia de vida maravilhosa, compreender a morte — afinal, como podemos medir nossa evolução?

A grande questão é que podemos medir certas dimensões, mas a medição dessas dimensões está misteriosamente ligada a outras que não são mensuráveis.

No mundo das coisas que tocamos, tudo se reduz. Um parafuso, para avançar um passo, precisa dar toda uma volta em torno de seu próprio eixo. Quanto mais duro o material penetrado pelo parafuso, menor deve ser o passo. Também, quanto mais macio for esse material, maior pode ser o passo. Levando esse raciocínio do mundo das coisas para o mundo da vida, poderíamos imaginar que, quanto mais difícil o desafio, menor é o passo que podemos dar. A evolução do que é mensurável é menos difícil do que a evolução do que é perceptível.

Minha ideia de evolução não é uma linha reta. É como se avançássemos com muito custo e alguma inconsistência não observada nos arrastasse de volta. A gente avança entre passos adiante e passos para trás.

Seria possível alguém que não conhece a rotina de uma determinada função repensá-la, desconstruí-la? Seria possível um bom pedreiro redefinir um iPhone ou um grande engenheiro eletrônico reconceber a argamassa usada na construção civil? Tudo é possível, mas nem tão provável assim.

As grandes inovações surgem dos “becos sem saída” das rotinas dominadas. Do esgotamento do modelo da “melhoria contínua” para o livre pensar. Reconceber paradigmas e plataformas. Há algo que pode acontecer (para muito poucos) que é a habilidade de destruir aquilo que é dominado e conceber o novo a partir das necessidades e desejos que a rotina não mais atendia. Aquele que mais conhece a rotina, se provocado de alguma forma, é o que mais pode dar à luz o novo.

Os setores da economia com maior grau de inovação são as indústrias de mobilidade, as ciências da vida e a convergência tecnológica entre a velocidade de processamento de informações e telecomunicação. De onde surgem os mananciais de inovação de cada uma dessas indústrias, se não forem de dentro delas mesmas? Só destrói uma rotina quem a conhece em profundidade e não perdeu, de alguma forma, a lucidez e a capacidade de abstração.

Rotina sugere repetição.
Rotina também deve sugerir inovação.
Repetição e inovação sugerem uma empresa em evolução.

De que forma evoluímos? No mundo das coisas, nas relações humanas e espirituais, afinal, como evoluímos? O único e possível sentido da vida é a evolução. Sermos melhores pouco a pouco, em um passo de serena convicção.

No mundo das coisas, a prosperidade é uma dimensão a ser utilizada.
No universo das relações, a amizade é outra dimensão que pode indicar nossa capacidade de criar conexões.
No campo mais íntimo, pessoal e interior, o autoconhecimento é a via possível de verificar nossa evolução.

Como esse desafio tridimensional se estabelece no ambiente de trabalho?

Estabelecendo que a evolução humana é algo sutil e dialético entre a espécie e o espécime, entre o todo e cada parte, é extremamente complexo inferir se, com um mínimo de consenso, evoluímos em cada frente de nossa existência.

Nossa evolução é um desafio pessoal e intransferível e precisa estar presente de verdade em nossa rotina. Precisamos nos provocar e nos perguntar se estamos evoluindo em todas as dimensões. Estou evoluindo enquanto pessoa e enquanto profissional?

Evoluir na vida não é uma corrida de 100 metros, é uma ultramaratona sem fim.

Levando esse raciocínio do mundo das coisas para o mundo da vida, poderíamos imaginar que, quanto mais difícil o desafio, menor é o passo que podemos dar. A evolução do que é mensurável é menos difícil do que a evolução do que só é perceptível.

Perguntas fundamentais:

– Você dedica tempo para avaliar sua evolução? Dez minutos por dia?

– Sua empresa facilita sua evolução ou torna esse desafio mais difícil?

– Quanto tempo você tem dedicado a aumentar e melhorar seu conteúdo? Tem lido mais que manchetes? Tem ampliado seu círculo relacional? Tem dado atenção a si mesmo, esse desconhecido?

– Sua vida financeira tem evoluído a contento?

É importante dedicar tempo para essa autoavaliação. Não evoluímos sem dar prioridade a isso. Se deixarmos o tempo correr, deixando a vida nos levar, nossa evolução ficará aquém do nosso potencial.

Evoluí quando me dei conta e priorizei a minha autoavaliação de forma permanente.

Faça um exercício: como você estava há três anos e como você está hoje? Responda essa pergunta nas três dimensões: patrimonial, relacional e espiritual. Com essa autoavaliação, responda se sua evolução está a contento.

Anterior
Quando deixar a empresa
Próximo
É preciso um tempo para si próprio

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Preencha esse campo
Preencha esse campo
Digite um endereço de e-mail válido.
Você precisa concordar com os termos para prosseguir

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Menu