Você tem a perspectiva da vida a partir de onde você está, de onde você olha

Como ter uma visão lúcida da realidade? Você forma sua visão a partir da posição em que está e a partir da vida que você vive. Dependendo, se você é um trabalhador de chão de fábrica, um funcionário público, um empresário de grande ou pequeno porte, você olhará seu mundo profissional de uma determinada forma.

Este mesmo raciocínio é válido para sua vida sob o ponto de vista social. Se você é um religioso praticante, um pai de família, um membro da comunidade LGBTQIAPN+ ou tudo isso ao mesmo tempo (por que não?), sua visão de mundo será definida pelo seu ponto de observação.

Somos prisioneiros de nossos pontos de vista, de nossos pontos de observação. Como então conseguirmos ampliar e enriquecer nossa visão de mundo? Algumas ideias que tento praticar:

Mude seu ponto de observação. Tente olhar novos horizontes a partir de novos locais. Mude seus trajetos, enriqueça seu ecumenismo relacional, preste atenção redobrada às diferenças e jamais, repito, jamais julgue. Apenas preste atenção sobretudo às diferenças.

Viaje com a maior frequência possível e mergulhe em culturas diversas. Como cada sociedade está organizada politicamente, se há democracia, como ela está estruturada e quais são os resultados econômicos e sociais dessas opções adotadas.

Leia sempre! Vale de mangá japonês aos clássicos da literatura mundial. O importante é transportar-se para dentro da narrativa do autor e tentar ver o mundo de forma diferente, abandone suas próprias ideias e delete qualquer julgamento. Insisto na importância de nos educarmos a ver e ouvir e jamais julgar. O julgamento, quase sempre, exercício de preconceitos, é a morte de nosso processo evolutivo. Então, quanto mais educarmos nossa mente a nada julgar, melhor.

Insira a arte no seu cotidiano. A arte educa nossa sensibilidade, nos força ajoelhar diante de coisas maiores, do sagrado, que dispensa a palavra para nos tocar de forma profunda.

São várias as formas de reconceber nossa rotina para ampliarmos e colorir nossos pontos de vista em relação ao nosso papel de cidadão e, principalmente, de líder, objetivo principal de nossos artigos.

Durante quase uma década, prestei serviço voluntário a diversos setores no estado da Bahia, incluindo o próprio governo com o objetivo de melhorar os serviços prestados ao cidadão. Em especial, lembro-me de um trabalho na Secretaria de Segurança Pública, onde havia uma queixa generalizada sobre a forma violenta com que os policiais faziam as revistas nos ônibus da cidade de Salvador.

Fui até o quartel dos Aflitos, sede da polícia militar do estado, onde o comando maior me aguardava. É importante esclarecer que a minha ida ao quartel não havia sido pedida pelos militares, mas sim pela governadoria através da Secretária de Segurança Pública. Recebido com educação, fui logo questionado sobre como resolver o problema das revistas nos coletivos da cidade de tal forma que a minha ignorância sobre o tema demonstrasse a inutilidade da reunião.

Também de forma muito educada, perguntei ao Coronel, chefe da Polícia Militar, quantas vezes ele já havia participado pessoalmente dessas revistas nos ônibus de Salvador. Com indisfarçável desdém, disse-me que tinha outras tarefas mais importantes para cuidar. Então, de imediato, perguntei se ele já havia feito essa mesma pergunta aos policiais que executavam as revistas. A resposta, já um tanto incomodado, foi parecida: “nunca perguntei, pois tenho mais o que fazer”.

“Coronel, como então o senhor conseguirá mudar seu ponto de vista sobre o tema se não interage, não ouve e não dá importância ao tema? As possíveis ideias para melhorar os procedimentos de revista aos ônibus estão com a sua própria equipe, mas se o senhor não interage com ela, seu ponto de vista continuará aprisionado pelo seu próprio preconceito…”

A reunião acabou logo depois, mas ilustra como os líderes ficam prisioneiros de seus pontos de vista envelhecidos.

Precisamos constantemente mudar nosso ponto de observação, ouvir com respeito quem pensa diferente. Envelhecemos muito rapidamente e a única forma que conheço de nos mantermos vivos é através da contínua mudança no jeito de observar a realidade.

Mudar nossos pontos de vista é estar em permanente mobilidade. Parados, envelhecemos rapidamente.

Anterior
Por que o mentoring é necessário nas empresas?
Próximo
Você foi Murilo?

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Preencha esse campo
Preencha esse campo
Digite um endereço de e-mail válido.
Você precisa concordar com os termos para prosseguir

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.

Menu