Escolhemos nossa profissão muito precocemente. Definimos o curso superior com pouco conhecimento do que é ser, por exemplo, um economista, um engenheiro ou um advogado. Em algum momento, a pergunta tão temida surge em nossa cabeça: “escolhi a coisa certa para a minha vida?”

Não é tão raro encontrarmos jovens que abandonam seus cursos universitários antes mesmo de completá-los. Conheci uma jovem brilhante, hoje com quase sessenta anos, que jamais terminou qualquer curso universitário. Entre desistências e novas escolhas, a vida passou e ela não conseguiu se aprofundar em qualquer das possíveis profissões. É claro que esse caso é um exagero, mas a mudança de curso, sinalizando uma guinada em sua vida profissional é bem mais comum do que imaginamos.

Existe a possibilidade que determinado ofício deixe de existir. Com o desenvolvimento tecnológico, cada vez mais presente para ser aplicado, muitas profissões correm o risco de deixarem de existir. Não trato desses casos aqui no presente artigo. Meu foco é tratar dos casos, onde o profissional desiste do que faz para começar a fazer algo totalmente diferente. Um médico que preferiu ser engenheiro ou vice-versa. Perdeu o entusiasmo com o que fazia e está disposto a recomeçar sua vida em um novo campo de conhecimento.

Pessoalmente, só sei trabalhar com o que já tenho certa experiência. Meus negócios são energia e prestação de serviços de engenharia. As duas vezes que tentei fazer algo diferente do que já dominava, não obtive bons resultados.

Cuidados a serem observados se você quiser recomeçar em uma nova área:

1. Comece a estudar o novo campo de trabalho bem antes de se decidir a adotá-lo como novo campo de trabalho. Não desista do que você faz até já ter um plano para a nova atuação.

2. Você pode ser o mesmo profissional apenas mudando seu segmento de atuação. Por exemplo, se sou um técnico de TI, posso continuar apenas trocando, por exemplo, o atacado pelo varejo. Não chega a ser um recomeço do zero.

3. Para guinadas radicais, existe um prazo razoável a ser observado. Não aconselho guinadas razoáveis após os quarenta anos. Você pode até empreendê-la, mas a chance de recuperar o tempo perdido, mesmo com a experiencia acumulada em outras áreas, tem suas limitações.

4. Uma boa possibilidade é tentar viver em paralelo as duas experiencias. É de difícil praticidade, mas seria uma experiencia muito rica para avaliar se queremos mesmo trocar de ofício.

5. Trabalhar a cabeça para que haverá perda financeira ao longo da transição. Isso pode ser reduzido, mas é difícil que não aconteça.

6. Renovar a disposição de estudar. Sem essa pré-disposição, é difícil você recomeçar em uma nova área na qual, você não detenha conhecimento ou experiencia.

7. Ter consciência de que, mesmo com cuidados, o resultado pode ser ruim, aquém das expectativas iniciais. A chance de dar errado é maior do que a de dar certo.

Pessoalmente, não recomendo grandes guinadas e que haja um recomeço a partir do zero. A chance de frustração é muito grande. Quando converso com um jovem nessa situação, sugiro sempre uma mudança gradual, onde novos desafios tragam um novo colorido para a vida dele, mas que seu passado, experiencia e conhecimento não sejam perdidos.

Ninguém volta no tempo de graça.