Propriedade, Liderança, Conhecimento, Valores e Práticas

Fiz uma longa carreira como executivo. Como CEO, liderei cinco empresas. Apenas há dez anos, comecei a acumular a liderança das empresas como sócio e, também, como sócio controlador. Posso garantir que é completamente diferente quando você lidera a empresa e, ao mesmo tempo, é seu controlador.

O instituto da propriedade privada é um longo processo histórico que ganhou impulso importante com a revolução francesa, quando o Estado moderno começou a ser discutido e construído.

Avançamos muito e a propriedade privada é hoje algo consagrado na maior parte do mundo. Propriedade tem a ver com permanência e duração ilimitada. Algo quase eterno. Liderança tem a ver com conhecimento e habilidades.

Trazendo esse conceito da propriedade privada para nosso ambiente empresarial, temos um interessante e frequente desafio: o que fazer e como compor quando a propriedade das empresas não detém mais o melhor conhecimento sobre seu negócio? O que fazer quando Valores e Práticas são redefinidos mais pelo futuro do que por tradições?

Vivemos na chamada “Sociedade do Conhecimento”, mas é muito comum que o fundador de uma empresa não acompanhe o ritmo acelerado do seu negócio. Há também a sucessão geracional que, quase sempre, ainda traz mais desafios ao processo. Mas, a propriedade continua seguindo a eternidade, independentemente de sua obsolescência.

Temos, então, uma situação: o melhor conhecimento do negócio é da liderança, do CEO, mas os valores da empresa não são ditados pelo conhecimento, mas sim, pela sua propriedade.

Valores da empresa são definidos pela sua propriedade. Estratégias são definidas pelo melhor conhecimento. Assim, uma trajetória sustentável só pode existir quando valores e conhecimento estão em sintonia entre acionistas e liderança.

O melhor dos mundos é quando conhecimento e propriedade estão na mesma pessoa, na liderança da empresa.

Observamos uma série de jovens lideranças despontando em suas startups com viés de inovação tecnológica e, alguns deles, fazendo fortunas em pouco tempo. Observamos também grandes empresas querendo manter o espírito inovador, como se fossem startups, para movimentar pesadas estruturas corporativas.

Como lidar com isso? Enquanto o poder emana da propriedade, é quase sempre avesso a riscos, conservador em suas deliberações e não detém o melhor conhecimento. Seus valores têm o peso do tempo e das tradições.

Repito sempre que envelhecemos quando temos mais estórias para contar do que planos a realizar. Quando fiz as empresas que hoje lidero, já aos 55 anos, pude dar um passo importante no que eu chamo de liberdade criativa. A experiência que importa é a que está comprometida com o novo, com o fazer diferente. É muito reconfortante você definir uma estratégia, impulsionado pelos seus valores e pelo melhor conhecimento.

A experiencia que tive ao dar o passo na direção de ter o meu próprio negócio foi a melhor decisão que já tomei profissionalmente. Aconselho a todos os líderes, diretores ou presidentes, não importa muito, são empregados em última instância, a avaliarem seu conhecimento e sua autonomia. Avaliar as chamadas “Barreiras de entrada do seu negócio” e buscarem construir o seu próprio negócio, seja como sócio ou, se der, como sócio controlador.

Podemos fazer ótimas startups aos cinquenta ou sessenta, por que não? Baseados em nossos próprios valores e práticas, e buscando sempre o melhor conhecimento, podemos trabalhar na plenitude de nossa liberdade criativa.

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