A mente é fruto de um processo acumulativo. Informações e experiências moldam nossa forma de ver o mundo, um mundo cada vez mais complexo, no qual o modelo de “comando-controle” já não nos ajuda a evoluir, tanto como profissionais quanto como pessoas.
Somos sentidos, instintos, emoções, desejos e, cada vez mais, informações e novas visões da realidade. Éramos, somos e seremos vida em movimento, com amplitudes e velocidades crescentes. A palavra, tal como aprendemos a utilizá-la, está sendo reaprendida. A realidade tornou-se mais intrincada, e não adianta tratá-la como se obedecesse aos nossos comandos.
Fez-se a palavra: primeiro a falada, depois a escrita, a impressa, a científica, a imagética, a tecnológica… E a mente, esse processo complexo e contínuo de apropriação infinita, colorido e preto e branco, foi ocupando o eu e o outro, o todo e o tudo. Hipertrofiou-se, quase fagocitando o que lhe antecedeu. Atrofiados, os inúmeros sentidos, no entanto, continuam a nos habitar.
Diante do real, a lógica prepondera e prospera em nós, mas ela não está só e tampouco é suficiente. Precisamos integrar as diferenças e os opostos, que não apenas coexistem em nós, mas também misturam os sentidos e a imaginação.
A dialética é a educação — e união — dos sentidos com a palavra que formou o homem que somos hoje e que nos ajudará a lidar com o homem que seremos amanhã.
Para analisar e tentar compreender o universo, tivemos que dividi-lo, tornando-o alcançável ao nosso trabalho transformador e evolutivo. Criamos deuses à nossa imagem e nos tornamos suas criaturas, para, dialeticamente, respondermos com religiões e dogmas. Enquanto nos contentarmos apenas com teses e não nos educarmos a espiralar suas antíteses e sínteses, teremos menores chances de apaziguar os sentidos e a ciência que nos habitam.
A atitude dialética deve estar presente na cena diária de nossa vida — na família, no trabalho, na sociedade — mas, sobretudo, internamente, em nós mesmos, como uma busca contínua para transformar nossos diálogos com sentido e razão.
Precisamos valorizar a diferença e a contradição, em vez de evitá-las, como de costume. Devemos alimentar nossa evolução com o incômodo da diferença, e não com a tranquilidade da igualdade.
Liderar uma empresa é estimular as diferenças entre os recursos e compreender que são as visões diversas que gerarão as melhores soluções para os problemas.
Gerenciar dialeticamente é criar a cultura do “e” e eliminar a prescritiva cultura do “ou”. Na maioria das vezes, desenvolvemos melhores soluções quando adotamos a atitude de desantagonizar posições, extraindo de cada uma delas o que têm de positivo.
Gerenciar dialeticamente é estimular as diferenças que potencializarão a sinergia capaz de gerar soluções superiores aos problemas que enfrentamos.
Esqueçam aquela ideia de liderança que manda e os outros obedecem. Vivemos em um mundo onde as lideranças desenham cenários interativos com a participação de todos que têm algo a acrescentar, especialmente aquilo que parece diferente aos olhos da maioria. É da diferença bem tratada que virão as melhores soluções.