Os comitês, quase sempre, são órgãos de assessoramento do Conselho de Administração para conferir melhor governança à empresa. Comitês estratégico, de remuneração, de investimento e até de sucessão são comuns nas empresas de capital aberto.
Acho que os comitês devem ser remodelados e, talvez, até rebatizados a partir de suas novas funções.
Um comitê deve ter a função de trazer o futuro para o dia a dia da empresa. Um gerente solitário não consegue trazer o desejo de futuro para sua rotina. O futuro é cada vez mais multidimensional, volátil e complexo. Uma diretoria solitária não consegue disseminar a ideia do futuro desejado por todo o tecido organizacional.
A rotina de um líder é demandante e quase sempre sobra pouco tempo para pensar e trazer o futuro para o presente. Com a abundância de informações sobre os mais diferentes temas, as empresas precisam criar instrumentos organizacionais que possam identificar os caminhos a serem seguidos. A coletivização de visão de futuro será a base da gestão da cultura das organizações.
O empoderamento do conhecimento será outra função dos futuros comitês. Investimos nos talentos e, com organogramas cada vez mais enxutos, os comitês enriquecerão o dia a dia da empresa.
Em nossa empresa de serviços, criamos sete comitês. Eles têm, no máximo, cinco membros e devem produzir conteúdo continuamente.
A função principal dos comitês será a leitura do futuro e seu impacto no cotidiano das empresas. Não será apenas um órgão auxiliar do Conselhos de Administração, mas sim, um desafio permanente para a evolução da gestão.
Com os comitês, a leitura do futuro terá espaços crescentes, a operacionalização do conhecimento será mais efetiva, a capacitação dos líderes se expandirá e a cultura da empresa será mais facilmente gerenciável.
Os comitês devem ser formados pela experiência e pela juventude e por pessoas com poder e por potenciais talentos. Devem se reportar mensalmente aos órgãos de poder da organização (Conselho e Diretoria).
Um comitê precisa ser uma janela dentro da organização que não confere ao futuro a sua real importância. Como dizia Drucker, o futuro é difícil demais de prever, mais fácil é construí-lo. A gestão se enriquece e estabelece mais claramente o seu papel quando harmonizam estratégia, estrutura e futuro a partir dos comitês.
Sabemos que envelhecemos, quando temos mais estórias para contar do que planos a realizar. Na empresa, não é diferente, precisamos, o tempo todo, construir o futuro e os comitês têm essa função precípua.
No futuro, toda empresa mostrará sua organização não apenas através de seu organograma, mas sim, através de como interagem as pessoas através de seus comitês e seu organograma para lidar com seu presente e futuro.
Importante também enfatizar a importância dos comitês no sentido de capacitar seus líderes e potenciais talentos. A empresa precisa ser, mais que tudo, uma escola a educar seus talentos e os comitês serão uma ferramenta essencial nesse sentido.
Assim, a gestão das empresas será enriquecida pela criação e harmonização entre comitês multidisciplinares e gestores da rotina. Serão, em parte, as mesmas pessoas, com o carimbo do presente e do futuro.