Estar formado, mas sempre em formação. Estar pronto para ensinar, mas sempre com espírito de aprendiz. Dominar o assunto, mas estar sempre antenado com a dúvida que o fenômeno real insiste em oferecer para o olhar atento e humilde. Por que toda esta dialética – do saber e do duvidar, do saber e do sentir, e de evoluir com a sensação de ficar parado – que faz parte do mundo real, penetra pouco e não domina a cena das pessoas dentro do mundo das empresas? Seriam as empresas um ente à parte do mundo real? Logo elas, catedrais do pragmatismo? Certamente que não.
Se percebêssemos nossas empresas como parte do mundo real, muito do que lá acontece poderia ser apreendido de outra forma. Menos formais, menos formados e funcionais, poderíamos ver cada contato com o colega, superior ou subordinado, com a pessoa que fosse, por um viés novo. Uma oportunidade. Poderíamos viver mais, crescendo mais, abertos para a evolução e, coletiva e cooperativamente, tornando a empresa mais competitiva. Estaríamos em permanente processo de educação. Por que não?
É neste mundo dialético e real que nossa vida se processa, ora definhando, ora florescendo. Não empurramos as fronteiras habitando um mundo normativo, burocrático, hierarquizado, mas sim, visitando a sombra ou a luz da dúvida e da ousadia num processo de tentativas, riscos e erros.
Não é só treinando, repetindo e melhorando, mas também educando, questionando e ousando que saltamos e progredimos em direção ao novo.
Fonte: “Possíveis relações entre Educação e Treinamento e o resultado das empresas” –
Murilo Sampaio, 2000