O tempo corrido, o tempo que não passa e o que voa. A circunstância nos dá uma noção do tempo além daquele que é medido.
Alguns idiomas usam o mesmo vocábulo para o tempo cronológico e o tempo atmosférico. Interessante! Uma das explicações que despertam interesse é aquela que associa a ideia do tempo ao movimento relativo do sol, sugerindo um sentido único para o tempo do relógio e dos céus.
O tempo deveria ser um só, mas pode não ser, dependendo de como cada um o interpreta, o sente e o vive. Nas organizações, o ritmo do tempo é ditado pela cultura que, por sua vez, é construída pelo exercício da liderança. Se você tem algo importante, dê o novo desafio para os mais ocupados! É uma regra prática, ou seja, para aqueles que têm menos tempo livre.
A dinâmica de cada um configura também o tempo de cada um.
O tempo da vida em São Paulo, com sua estressante logística cotidiana, pode ser diferente daquele no belíssimo município de Barra Grande no sul da Bahia que assiste às marés e pores do sol. Qual é o seu tempo? O tempo do movimento excessivo ou da rara e necessária meditação?
Qual deve ser o tempo da empresa? O tempo que performa a rotina deve ser o da agitação de São Paulo ou o da contemplação de Barra Grande? A criatividade, faísca seminal da inovação, está mais associada ao tempo do movimento ou ao da serena observação?
A repetição diária e padronizada de procedimentos numa rotina dominada de melhorias constantes ou senso de urgência por novas ideias para desconstruir o status quo: o que deve nortear a liderança?
Importante na vida é aquilo em que você coloca seu melhor tempo. Não é aquilo que você declara ou deseja que seja importante.
A cada dia, mais me convenço do viés educativo que a dialética pode oferecer às lideranças. O tempo que desejamos é o tempo que cria e o que performa. É o da rotina que equilibra a vida que compete e contempla, que tem metas e caminhos, que inclui a confrontação das diferenças e até de antagonismos.
A liderança dialética precisa desenvolver a sensibilidade de qual é o ritmo do tempo a ser vivido em cada circunstância. Há o tempo de aperfeiçoar e o de destruir rotinas. À liderança dialética cabe desenvolver as pessoas a saberem fazer uma coisa e a outra, não uma coisa ou a outra. O domínio da rotina deve ensiná-las a também destruir a rotina.
É ao mesmo tempo que observamos e aceleramos.
Autor: Murilo Sampaio