A história do homo sapiens pode ser perfeitamente contada pelo surgimento contínuo das suas inovações. Nosso processo civilizatório é demarcado pelas inovações organizacionais e tecnológicas.
Mergulhando em nossa origem, desde nossos mais antigos ancestrais, há mais de dois milhões de anos, identificamos uma trajetória de incontáveis inovações, a começar pelo domínio e a utilização do fogo, instrumentos de pedra e madeira, do ferro e do aço até o incidental surgimento do vidro. Nossas sociedades foram moldadas por nossas inovações.
Tudo que nos rodeia, independentemente de onde estejamos, foi um dia uma inovação. Desde o momento que acordamos, as inovações estão presente e foram novidade um dia. Quando pegamos a escova de dentes (a patente das escovas com cerdas de nylon com pontas arredondas é apenas de 1945! E a pasta de dentes tal como hoje a utilizamos é apenas pouco anterior). Já o espelho a que lanço um olhar ao escovar os dentes é uma inovação de antes de Cristo, mas um dia foi também novidade. Olho ao redor, vejo paredes pintadas (tintas acrílicas têm pouco mais de meio século de existência), enquanto a ducha que esquenta a água (se for por meio de eletricidade, a patente é de 1948 do brasileiro Francisco Navarro), o shampoo usado (criado na Índia no século XVI) ou o ralo linear, este já bem recente, para onde a água escorre, tudo foi um dia novidade, uma inovação recém-lançada.
Ao sairmos de casa, a avalanche de inovações continua a emoldurar nosso cotidiano. Seja dirigindo um automóvel ou indo de metrô, habitamos universos de inovações. Destruímos as antigas pelas novas. Destruímos rotinas para darmos à luz o novo.
E o que dizer das inovações organizacionais? Em um único bairro de qualquer megacidade, encontraremos centenas de modelos de associações familiares entre elementos adultos. Desde uma célula clássica de homem e mulher com ou sem filhos até pais e filhos que sempre moraram e morarão juntos. São centenas de possíveis diferentes organizações.
O papel da inovação organizacional é facilitar a inovação tecnológica para que esta tome forma nas empresas ou para que, em ambientes sociais, novos arranjos possam ser criados.
Dentre as famosas inovações organizacionais, cito com destaque a tremenda inovação que foi a revolução francesa, ajudando a criar o Estado moderno, pondo fim no ocidente ao conceito de monarquia autoritária e abrindo frente para diversas arquiteturas organizacionais para operacionalizar a democracia em grande escala.
Nossa história é a história de nossas inovações. Estamos condenados a evoluir infinitamente através das inovações. Organizacional e tecnologicamente. Em família e também na sociedade, nacional e internacionalmente.
E nas empresas que habitamos não poderia ser diferente! Toda empresa deve também ser um laboratório de Pesquisa e Desenvolvimento para progressivamente substituir velhos produtos e serviços por outros que ainda não existem na empresa. Nem toda inovação é necessariamente uma invenção. Assim, introduzir algo que não criamos, modificando nossa rotina não deixa de ser também inovar. Inovar copiando, mas trazendo o novo para um determinado local e mercado.
Costumo dizer que o papel precípuo da liderança é trazer o futuro para a rotina das organizações. Assim, não há liderança efetiva sem que a inovação seja seu maior compromisso.
Sem inovação, a empresa andará sempre em círculos. Sem inovação, um país está condenado à eterna dependência.