Manual de Oslo

Na tentativa de dar uma linguagem unificada para as estatísticas internacionais a respeito das pesquisas em inovações tecnológicas em âmbito internacional, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) vem desenvolvendo estudos e metodologias ao longo das últimas décadas. Todo esse trabalho encontra-se abrigado no que a OCDE chama de “Família Frascati”, em reconhecimento ao esforço inicial do grupo pioneiro que se reuniu em 1963 para trabalhar no tema.

Dos manuais que compõem a “Família Frascati”, o Manual de Oslo, revisado pela última vez em 1997 e traduzido para o português em 2004, reúne 446 parágrafos, organizados em sete capítulos e dois anexos. O Manual de Oslo é voltado para reconhecer inovações em empresas privadas, está focado em inovações tecnológicas de produtos e processos, mas sugere diretrizes e chama atenção para outros tipos de inovação, sobretudo as inovações organizacionais. Como definição, estabelece que inovação é o novo (e não o inédito absoluto) para a empresa que a introduz em seus negócios.

Assim, é importante observar que seu conteúdo concentra-se na conceituação e na metodologia para o levantamento da inovação tecnológica de produto e processo, sem, no entanto deixar de reconhecer a relevância do que ele chama de inovações organizacionais, mesmo que ainda não apresente um conjunto de métodos maduros para contribuir para sua aferição.

Em seus capítulos iniciais, o Manual de Oslo registra a importância da inovação não-tecnológica, ou seja, a inovação administrativa e organizacional para o desempenho econômico das empresas. Para que uma mudança organizacional seja considerada uma inovação organizacional, os resultados econômicos advindos devem ser relevantes e mensuráveis, seja na área de produção ou comercial.

As mudanças não-tecnológicas, puramente organizacionais, são cada vez mais difundidas, através de amplo ferramental gerencial, que incluem novos métodos de gestão, de produção e mesmo de relação com clientes. Tais mudanças podem resultar em melhorias significativas na performance das empresas. Todavia, como ainda há pouca experiência prática, de reconhecida padronização, no processo de mensurá-las (e de sua eficácia), o Manual de Oslo ainda as trata de forma tangencial, relatando experiências específicas e nomeando as práticas gerenciais mais encontradas, mas sem ainda buscar mensurá-las.

Como exemplo de inovações não-tecnológicas, o Manual de Oslo assinala que, com base na experiência adquirida na pesquisa de 1994 do Australian Bureau of Statistics (ABS), as principais inovações são técnicas avançadas de gerenciamento, como o TQC, TQM, estruturas organizacionais com modificações significativas e a introdução de novas estratégias com conteúdos e posicionamentos diferenciados.

É importante que as abordagens desenvolvidas na pesquisa estejam devidamente fundamentadas em referências internacionais reconhecidas institucional e academicamente. Igualmente importante é que a seleção das variáveis, dentre as reconhecidas, possam ser medidas no contexto da pesquisa e que expressem o grau de inovação tecnológica e não tecnológica da empresa que foi ao mercado de capitais.

De forma resumida, a versão atual do Manual de Oslo, expandida em diversos pontos em relação à versão original (com destaque para a inserção de empresas de serviços) avança e unifica a metodologia de pesquisa para o reconhecimento da inovação tecnológica de produtos (bens e serviços) ao mesmo tempo que reconhece a importância da inovação organizacional, apesar de ainda não oferecer metodologia de pesquisa para tal.

Confira abaixo o Manual de Oslo na Íntegra

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