Curiosidade, Criatividade, Conhecimento e Inovação

Da criança que fui, curiosa, inquieta e imaginativa, quanto dela ainda resta em mim?

As palavras, sempre limitadas, tornam-se sinônimas nas suas fronteiras semânticas. Sobrepõem-se, às vezes. Criativo e imaginativo. Curioso e inovador. São palavras e significados que nos descreviam com frequência em nosso mundo infantil.

Quando crianças, todos éramos curiosos. Adultos e educados, poucos mantivemos o desejo e a ação de estender nossos limites. Trocamos o risco do “dedo curioso” da criança pela zona do conforto corporativo.

A imaginação é um parente próximo da criatividade. A ideia, além do real, ocupa um espaço importante entre o possível e a fantasia. Com mais conhecimento e menos curiosidade, nos arriscamos menos.

Curiosidade e criatividade podem ser elementos seminais na transformação de nossa rotina. A presença dessas características  poderia fazer com que rotina diária não fosse apenas uma repetição maquinal, fazendo amanhã o que fizemos ontem, exatamente igual. Algo novo acontece quando as duas, curiosidade e criatividade, não nos abandonam.

A curiosidade está na origem do conhecimento e da criatividade e, em seguida, na raiz da inovação. É o impulso para expandir nosso universo cognitivo, emocional e até espiritual. A ação para adentrar o desconhecido. O choque entre a curiosidade, instinto que não deveria nos abandonar, com o real é que produz a criatividade, origem seminal da inovação.

Como manter a nossa curiosidade? Curiosidade é risco e nossa educação e cultura nos ensinam a mitigá-lo ou, pior, eliminá-lo. Nossa empresa, muitas vezes, não entende que o erro pode ser o resultado da assunção de um risco. A curiosidade, algo poderoso em nossa vida (em qualquer de suas dimensões) vai desaparecendo com as estruturas organizacionais, com a educação da conformidade, da obediência e até do medo. Tornamo-nos mais medrosos e menos curiosos. Mantermo-nos curiosos implica em viver numa cultura que aceita e gerencia o risco e isso cabe essencialmente à liderança da organização.

Empresas inovadoras têm em seus quadros indivíduos curiosos e criativos e líderes que constroem e estimulam o “bom erro”. De várias tentativas nascerá o novo que acelerará a evolução da organização. Os erros têm natureza e causa diferentes. É importante diferenciá-los.

Há concepções sobre tipos de curiosidade, podemos enfrentar de forma positiva (com alegria até) o percurso inicial do desconhecido e todos os riscos envolvidos, mas podemos identificar tensões também para a cultura da empresa. Isso vai depender da forma, repito, de como a liderança lida com o risco e gerencia a cultura da organização. Quem inova também erra.

Em suma, curiosidade e criatividade não deveriam ter cedido tanto espaço para o conhecimento adquirido em nossas organizações (família, escola, empresa…). Enfim, precisamos  dos três para termos uma cultura inovativa.

Autor: Murilo Sampaio

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