A dialética mantém a homeostase entre a “caverna e a tecnologia”

É a linguagem que conecta nossa ancestralidade, lá das cavernas, ao nosso iPhone. É por meio dela que a evolução acontece, que o pensamento toma forma e permite a comunicação. A palavra é, de longe, a maior criação da espécie humana.

Mais viva do que nunca, ela acolhe cada inovação tecnológica, servindo de matéria-prima para emprestar significados ao que a humanidade cria nessa jornada misteriosa. A história das inovações é também a história da origem de novos sons e palavras, que surgem com as transformações do real, decorrentes da saga tecnológica empreendida pelo homem.

Novas palavras são criadas para novas tecnologias e passam a integrar nosso vocabulário cotidiano. É sempre bom lembrar que todos, repito, todos os artefatos presentes em nossa vida diária foram, em algum momento, inovações disruptivas: desde a pasta e a escova de dentes até o automóvel. Assim, a tecnologia vai criando palavras para expressar o novo, ampliando o inventário do homem das cavernas que habita em nós.

A palavra como ponte para a inovação

É interessante notar que mesmo os inovadores tecnológicos recorrem ao universo das palavras, dos sons e significados já conhecidos, em busca de um novo termo que sirva de ponte entre o mundo dominado e o novo, ainda misterioso.

Um exemplo é a origem da palavra “Google”. Diversas versões existem, mas a mais aceita está relacionada ao termo “google”, uma base numérica elevada à centésima potência, sugerindo grandiosidade e infinitude; uma alusão à quantidade de informações que o aplicativo ofereceria. Por alguma razão, a palavra foi grafada erroneamente (ou propositalmente). Assim, nasceu um novo vocábulo, um novo ativo expandindo o inventário do homem das cavernas.

Já palavras como “Apple” ou “drone” tiveram seus fonemas ressignificados. Ao ouvirmos “maçã”, lembramos primeiro do gigante corporativo antes mesmo de pensarmos na fruta que nos acompanha desde a infância. E, mais ainda, quem se lembra de “drone” como zangão, a abelha-macho que, ao voar, produz um som semelhante ao das máquinas não tripuladas que hoje cruzam os céus?

Dessa forma, nosso universo se expande em diversos sentidos. Aqui, gosto de atribuir à nossa capacidade filosófica a interpretação de como a evolução humana se mantém em equilíbrio nessa trajetória da caverna ao sempre.

O homem das cavernas que habita em nós (e jamais nos abandonará) é o mesmo que continuará criando inovações tecnológicas e novas palavras para descrevê-las. Inventamos coisas que ainda não têm nome e, aos poucos, vamos expandindo os domínios de nossos homens das cavernas. Trata-se de um equilíbrio homeostático entre o que temos de mais ancestral e de mais moderno.

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