Como interpretar uma demissão?

Com base em números extraídos do Ministério do Trabalho e Emprego, MTE, das 21,5 milhões de demissões ocorridas em 2023, 7,3 milhões foram demissões voluntárias, ou seja, o brasileiro jamais tomou tanto a iniciativa para mudar sua atividade laboral, seja trocando de emprego, seja abrindo o seu negócio próprio.

Trocar de emprego deve fazer parte da estratégia de cada um para sua evolução profissional. Sempre digo que um funcionário desligado falhou em algum momento e perdeu alguma sensibilidade em relação ao ambiente em que ele vive. A demissão é o desfecho de um processo, raramente acontece de um dia para o outro. Manter o radar ligado é tão importante quanto a permanente avaliação se nosso trabalho atual está provocando nossa evolução.

Apenas como digressão, relação de trabalho e relação conjugal possuem pontos comuns, apesar de pertencerem a organizações diferentes. Família e empresa possuem estruturas e funções diferentes, mas são relações humanas que devem evoluir para se manterem fortes, sempre com maiores perspectivas de crescimento.

Uma coisa é certa: aquilo que não evolui, acaba. E isso vale para qualquer relação, seja uma amizade, um casamento ou uma relação profissional.

Receber um cartão vermelho, sentir-se rejeitado para continuar, seja no casamento seja na empresa, a demissão é um soco no estômago, sobretudo quando inesperada.

Acho que a demissão também é um processo. Não nasce do nada, a ruptura vai se formando aos poucos, emitindo sinais, que muitas vezes, não damos a devida atenção. É como se fosse uma quebra de expectativas.

Passamos a dedicar mais tempo, apontando defeitos nos outros, seja no cônjuge, no chefe, no patrão, não importa: em algum momento, nossa melhor energia deixa de ser dedicada para nos melhorarmos e é perdida de forma entrópica, com a vã expectativa que nossas reclamações possam melhorar o outro ou a relação. Tolice.

A demissão é um corte, é uma dor que precisa ser interpretada e tratada, mas também é, pode ser, uma certa libertação se interpretada com honestidade. Mas preste bem atenção: a demissão deve ser uma libertação, jamais um castigo por baixo desempenho. Ou seja, nos despedimos porque queremos evoluir. Ficar na mesma casa ou no mesmo trabalho impedem a necessária evolução para viver mais e melhor. Repito, nada a ver com instabilidade excessiva e trazer fragilidade às relações. Precisamos, sim, verificar quando nossas relações se repetem indefinidamente com padrões insatisfatórios.

Se você tem bala na agulha e já não cabe mais na organização, a demissão é o caminho natural para sua própria evolução.

Acho que um paralelo entre o divórcio de um casal e a finalização do vínculo empregatício pode gerar insights interessantes. Jamais saia atirando. Sua responsabilidade pelo fim da relação pode ser maior do que a da outra parte.

Demissão e divórcio são formas de evoluir, não podem ser sinais de instabilidade ou incapacidade de lidar com a contrariedade. Falta de resiliência. Não pode ser isso.

Quem quer progredir, sabe a hora de dizer adeus por mais desconforto e sofrimento que isso pode acarretar.

A gente repete com gosto quando vê e sente evolução. A repetição não pode significar desperdício de nosso ativo mais valioso, o tempo.

Se você não estiver atento a esse processo, cedo ou tarde, o outro lado tomará a iniciativa. A vida precisa evoluir.

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