Há as grandes características, sempre encontradas na literatura sobre liderança. Visão de futuro, por exemplo, talvez a mais decantada por ser, de fato, extremamente importante. Mas, aqui vou destacar outras nem tão mencionadas que na minha vivência são diferenciadoras.
Como primeira característica, um líder precisa ser admirado por seus liderados pelo que fala, mas ainda mais, pelo que faz. Lembro-me de Emerson, grande filósofo e escritor norte-americano, que afirmava: “Suas atitudes falam tão alto que eu não consigo ouvir o que você diz”. É comum encontrar a condenável prática de professar alguma coisa e agir em sentido contrário. Para mim, a coerência é um valor, mas longe de ser unanimidade. Como exemplo, não posso deixar de lembrar de Oscar Wilde, afirmando que a coerência é a virtude dos imbecis. É uma abordagem inquietante, mas o querido Oscar se referia apenas às relações pessoais e não às relações organizacionais. Entendo o existencialismo latente nas palavras de Oscar, mas repito, a coerência é importante para a formação de um tecido organizacional saudável.
Tratar as pessoas mais simples com ainda mais respeito e obsequiosidade é a segunda das características. É ruim quando um líder tem educação seletiva, tratando seus superiores de uma forma e seus subordinados de outra. Além da descortesia, sempre condenável, isso pode denotar caráter. Líderes empresariais sem caráter tendem a ter trajetória pouco sustentável, o que pode não ser a mesma coisa em se tratando de política seja em que âmbito for. Na política nacional, temos vários exemplos de líderes de caráter duvidoso que se reelegem. Meu foco é na empresa, ambiente mais restrito, onde resultados sustentáveis tendem a demandar líderes consistentes e de caráter exemplar.
Coerência e humildade, definidores de caráter, devem ser seguidos pela força do exemplo. Se você quer que sua equipe se desenvolva, você deve ser o primeiro a buscar igualmente o desenvolvimento. Aprendizagem contínua deve ser o mote inspirador. A empresa deve ser uma escola para que ela cresça. Quando cada um cresce e evolui, a empresa da mesma forma cresce e melhora. Não conheço empresa que tenha crescido de forma sustentável sem que ela própria não tenha se tornado uma grande escola. O líder deve ser o primeiro aluno (e o mais aplicado) nessa escola em que grandes empresas se transformam. Assim, conhecimento deve ser um valor a ser sempre estimulado.
Começo o quarto elemento com a máxima: “elogie em público e critique em particular”. É para lá de desmotivador querer utilizar uma falha, uma meta não atingida, um erro, enfim, usando o responsável como exemplo para os demais. Isso é péssimo, mancha e até destrói a cultura de confiança que procuramos estabelecer para uma empresa vencedora. Sensibilidade e respeito são essenciais.
Também destaco a comunicação como outro elemento estruturante. Um líder precisa aprender a se comunicar de forma clara e, na medida do possível, de forma direta. Evitar ruídos entre o que decidimos e o que irá acontecer. Humildemente, devemos fazer cursos sobre o tema para compreender como nossa liderança se potencializa quando nos comunicamos bem.
Por último, uma dose generosa de ambição. Você jamais será um líder de verdade se for desambicioso. Um líder deve ter na ousadia a medida de sua ambição.
É claro que existem outras qualidades para evoluirmos como liderança, mas o que aqui destaquei – coerência entre discurso e prática, humildade e respeito nas relações, estabelecer uma cultura que favoreça o fluxo do conhecimento, sensibilidade para criticar e enaltecer, a boa comunicação e uma dose certa de ambição – todos esses, a meu ver, potencializam e ampliam nosso papel de líder. Cultive-os.
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Excelente reflexão sobre a liderança, comunicação clara e direta evitando ruído, uma dose de ambição e liderar pelo exemplo faz todo sentido…