Não acredito que possamos obter grandes resultados sem estratégias poderosas a antecedê-los. Estratégia e resultado são faces da mesma moeda.
Uma pessoa vive em média algo em torno de 650 mil horas. Cerca de 450 mil horas são dedicadas ao sono, à manutenção da vida, coisas como cuidar do corpo e ir daqui para ali e, parte importante, vividos até nos tornarmos adultos. Sobram-nos cerca de 200 mil horas discricionárias na vida após os vinte anos, ou cerca de dez horas por dia para fazermos absolutamente o que quisermos.
Nossa educação é mais voltada para informações históricas e cumprimento operacional do que é socialmente recomendável. É difícil encontrar uma criança ou mesmo um jovem que tenha fluência quando o assunto é estratégia e seus planos para o futuro.
Nossos desejos deveriam ser a fonte inspiradora para nossas estratégias de vida. Nosso cotidiano pode ver nossos desejos se concretizarem ou não.
Das 200 mil horas discricionárias, quantas horas dedicamos à elaboração das estratégias de nossa vida e quantas horas são dedicadas à construção dos resultados?
O que é prioridade? Prioridade não é o que falamos ser importante, mas sim, aquilo em que alocamos nosso precioso tempo. Precisamos introduzir em nossa rotina um espaço importante para a formulação e avaliação estratégica.
É muito comum encontrar pessoas que apenas vivem o dia a dia sem qualquer estratégia. Talvez a maioria não tenha como prioridade o hábito organizado de discutir o tema.
Estratégia como um norte a ser seguido é o grande diferenciador das pessoas que vão mais longe em seus respectivos desafios evolucionários. Trata de estratégia quem tem protagonismo em sua própria vida.
Nosso gosto por questões estratégicas deveria ser desenvolvido bem antes de liderar empresas. Arrisco a dizer que as lideranças de alto desempenho se educaram no tema ao longo de sua vida. Talvez tenham até se tornado líderes por essa característica. Estão sempre buscando saltos qualitativos, primeiro, em suas vidas e, mais adiante, quando passam a comandar empresas.
Fico me perguntando quais são as características necessárias ao protagonista para formular estratégias. São muitas, destaco três que julgo essenciais:
– Lucidez: olhar e perceber as circunstâncias e oportunidades com clareza. Com origem na palavra latina lux, luz, a lucidez é necessária para o equilíbrio, identificação de riscos e avaliação de todas as variáveis possíveis para a estruturação estratégica.
– Conhecimento: uma atitude curiosa, sempre amplia nossos horizontes com mais informações e reflexões conferindo maior consistência ao conhecimento adquirido ou vivenciado. A capacidade de avaliação dos cenários internos e externos se expande com o conhecimento.
– Ambição: de forma equivocada, a palavra ambição pode sugerir um desejo incomum de riqueza ou poder. No entanto, sua origem latina, ambire, aponta para alguém que queira liberdade para se movimentar. Todos nós queremos um futuro melhor do que o passado, mas temos que querer muito para que isso aconteça. Temos que nos movimentar muito para que nossos desejos se concretizem.
Temos tempo para formular estratégias para as nossas vidas, quanto mais cedo, melhor. Também temos tempo para avaliar periodicamente a eficácia de nossas estratégias, falta apenas priorizar o tema. Acredito que os resultados materiais e emocionais só apresentarão resultados diferenciados se tornarmos um hábito a lide com o tema.