Somos as nossas decisões

Eles tinham a mesma idade, nasceram e foram criados na mesma cidade. Eram de famílias semelhantes, tiveram a mesma educação, enfrentaram os mesmos desafios de sua época e, hoje, beirando os 70 anos, um está rico e o outro vive com dificuldade, com sorte, somente uma aposentadoria.  Por que o “o destino” sorri para alguns e abandona tantos outros? Como isso acontece?

A escolha é uma decisão necessária. A pior decisão é adiá-la continuamente. Devemos também saber, como diz o ditado, que uma escolha significa mil renúncias ao mesmo tempo.

Quando evoluímos, as possibilidades de escolhas se multiplicam. Quando nos perdemos na entropia de nossas expectativas, de planos que não acontecem, da inação diante dos caminhos e das relações que nos atrapalham, as possibilidades vão minguando até que não tenhamos mais a prerrogativa das escolhas. Quando assim acontece, não raro, perdemos a prioridade que o futuro deve ter sobre o passado.

Quando nosso horizonte vai se estreitando até nos deixar sem escolhas? Acredito que há, sim, um padrão em nosso empobrecimento pessoal até que não tenhamos mais escolhas:

O primeiro deles diz respeito a uma leitura equivocada da passagem do tempo. A evidência mais clara e frequente é com o desafio da educação: educação é para vida toda. Quando achamos que “nos formamos em alguma coisa”, estamos prontos, começamos a inviabilizar nosso futuro. A educação nunca deveria “nos formar em nada”, apenas abrir novas sendas de evolução. Uma permanente reinvenção. Assim, a primeira decisão a ser tomada é nunca parar de se educar. Olhar mais pra frente. Introjetar em nossa alma racional o DNA da humildade de quem quer sempre aprender.

No quesito educação, muitas atividades e interesses podem e devem ser incluídos. Seja você médico, engenheiro ou qualquer outra profissão, a educação na evolução de sua “formação-raiz”, deve estar sempre presente. Não parar nunca.

Sem dúvida, a educação como reinvenção permanente de si próprio e de suas relações profissionais aumenta muito sua chance de envelhecer bem.

O segundo deles diz respeito a sua evolução pessoal. Quanto menos evoluímos nessa dimensão, mais nossa vida profissional se prejudica. Conheci grandes profissionais que perderam suas carreiras por não terem evoluído enquanto pessoas. Esse quadro é muito comum. Verdadeiros talentos se perdem pela atrofia de suas personalidades.

Mas, o que seria a evolução pessoal com reflexos na vida profissional, objeto desse artigo? A resposta mais objetiva que minha experiencia me oferece é a capacidade de construir relações de qualidade. Relações sem ruídos, fluidas.

São inúmeros os exemplos de profissionais, de artistas, de esportistas ou até de pensadores e poetas em que a incapacidade de construir relações de qualidade puseram tudo ou quase tudo a perder.

Para chegarmos a chamada “melhor idade” da melhor forma possível, não conheço nada que supere a educação contínua e a capacidade de estabelecer relações de qualidade.

Para você, que está começando sua vida profissional, pense em duas dimensões de evolução necessárias: conteúdo e relação. Sem esses dois desafios, siameses, necessários e permanentes, sua carreira ficará limitada.

Escolhas sempre teremos se estivermos à frente do que virá de fora para dentro.  Se não paralisarmos nosso processo educacional e relacional, estou certo, sempre poderemos escolher o caminho a seguir.

Quando a possibilidade de escolhas desaparece, acredito, tomamos, em algum momento, decisões equivocadas ao longo de nossa vida.

Conteúdo e Relação. Educação eterna.

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