A gestão do desejo e da motivação está na raiz da nossa evolução

Ontem assisti à premiada peça “Into the woods” na Broadway. A peça começa e acaba com a palavra desejo. O desejo de realizar sonhos e de atender necessidades está por trás de nossa existência. No entanto, realizar um desejo talvez seja mais fácil do que manter a motivação após alcançá-lo. É sobre isso que a peça trata.

A motivação está ligada à perspectiva de atender um certo desejo. Qual desejo mais lhe motiva?

“É muito interessante, e muito lúdico, pesquisar como é que as palavras foram formadas”, ensinava o Professor Flávio Di Giorgi. Em um seminário chamado “Caminhos do Desejo”, há mais de trinta anos, pude pela primeira vez ser hipnotizado pela magia do Professor Flávio em brincar com as palavras. Um misto de erudição histriônica com curiosidade infantil faziam dele uma personalidade única, daquelas que nos marcam pra sempre.

Desejo vem de desiderare, antes, é importante saber que considerare, que deu origem ao nosso considerar, também descrevia a observação dos atros (espaço sideral). Levar em consideração era, no fundo, observar os astros na Roma antiga.

Quando uma situação negativa se estabelecia e as circunstâncias ficavam fora de ordem, era a palavra desiderare que era utilizada para descrever essa “ausência do que eu quero, do que eu esperava e do que eu preciso”. Passo a desejar o que não tenho.

E a motivação? Poderia ser compreendida a partir do quanto colocamos de energia para satisfazer um desejo. Do latim, motivus, relativo a movimento, algo móvel. Seria o quanto de energia um desejo pode despertar.

Costumo dizer que a motivação é a sensação mais importante que temos na vida. Basta lembrar que a ausência completa de motivação é a depressão, quando nada desejamos e nada nos motiva.

Nessa passagem pela vida, os desejos e a motivação em satisfazê-los são a coisa mais importante que temos. Viver em evolução poderia ser expresso em termos de desejar o novo e de ter motivação para realizá-lo. Seja um traço de minha personalidade que quero mudar, um bem material ou uma viagem. Tudo é desiderare.

Aprender a gerenciar nossos desejos, organizá-los em termos de prioridade, acredito, é o que nos faz mais capazes de fazer as coisas acontecerem de fato. Se os desejos nos dominarem e não tivermos a habilidade de planejar a forma de como o futuro virará presente, poderemos ficar apenas na dimensão das intenções e não da realidade.

Assim, para mim, não há como falar em desejo, seja de que forma for, sem falar no conceito de motivação. O desejo é tanto maior quanto maior motivação ele suscita.

Ao lideramos uma organização, esses dois conceitos precisam estar claros. Os desejos são individuais e as metas coletivas. À liderança cabe administrar essa química onde os desejos individuais possam ser realizados a partir de metas coletivas.

As metas são desejos funcionalistas que as organizações se utilizam para evoluir. Mas, deve deixar a janela aberta e espaço a ser criado para o indivíduo e para o novo.

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