As palavras e as expressões envelhecem. A cada dia, surgem novas, tentando capturar as novas realidades criadas. Precisamos nos desalfabetizar e nos realfabetizar o tempo todo.
Telex, Fax, Internet, E-mail, Orkut, WhatsApp, Iphone e Metaverso são apenas algumas poucas palavras criadas a partir de inovações tecnológicas, a grande “fábrica de palavras” do nosso tempo. Algumas dessas palavras têm vida curta.
Saindo do viés tecnológico, entrando em nosso cotidiano social, quem usa mais palavras como sirigaita, quiprocó ou chumbrega? Quase ninguém. Elas se foram.
Expressões de toda ordem, como “dar o braço a torcer”, “apertar o cinto” ou “colocar uma pedra em cima” ainda são usadas, mas cada vez, menos.
Posto isso, o que me interessa é “colocar em xeque” o uso da palavra “Formatura”, a meu ver pra lá de anacrônica quando utilizada para as pessoas que completam um determinado curso.
Segundo Aulete, formatura é ação ou resultado de formar-se. Dá a ideia de algo pronto, até encerrado. Um jovem ao formar-se em Direito, Engenharia ou Medicina, na verdade, em nosso tempo, ele apenas “se abre” para qualquer dessas profissões.
Hoje, com a velocidade da diversificação e da especialização em qualquer das profissões escolhidas, ninguém mais se forma em nada. Apenas, nos abrimos para percorrer caminhos diversos nas áreas de atuação que escolhemos.
É ruim (pelo menos, inadequada) a ideia que a formatura sugere. Ao sairmos de uma graduação e iniciarmos uma atividade profissional, temos que ter em mente que passaremos para sempre a trabalhar e a estudar. Aquele que só trabalha, em breve, não terá mais trabalho. Acredite nisso.
Uma “formatura” é apenas uma porta que se abre para caminhos diversos. Nossa necessária e permanente evolução vem do trabalho e, sobretudo, na capacidade que cada um tem de projetar seu futuro a partir de novos estudos.
Hoje, a liderança diferenciada e performante é construída a partir das escolhas que ela faz para garantir sua evolução em diferentes campos de conhecimento. Apenas o trabalho não assegura a evolução. Às vezes, até atrapalha.
A liderança de sucesso, via de regra, é generalista com um certo aprofundamento em, pelo menos, três segmentos diferentes. Somam-se a isso o conhecimento de diversas culturas e o inabalável compromisso em projetar e construir um futuro melhor para o indivíduo e o coletivo. E isso não se alcança com a ideia vendida para os jovens que se formaram nisso ou naquilo.
Não devemos abandonar jamais nossa curiosidade juvenil e sempre acompanhá-la com ideias transformadoras de futuro.
Sempre sonhei com um tempo em que os jovens, ao completarem suas respectivas graduações, enviassem os convites para a celebração de “Abertura” e não de “formatura”.
Um dia, quem sabe.
São tantos os assuntos necessários para construirmos uma liderança diferenciada!