Relações Sustentáveis

Palavras? Sons que atribuímos significados em circunstâncias sempre cambiantes. A linguagem está em contínua mutação e precisamos acompanhá-la.

A palavra sustentabilidade é um exemplo desse processo. Ganhando enorme destaque nos últimos anos em função de nossa relação com o meio ambiente, seu conceito se aplica a todo tipo de relação, seja pessoal, institucional ou mesmo com a natureza.

Sustentar sugere a ideia de manter ou de garantir. Os dicionários as colocam como sinônimas. Sugerem também a ideia de permanência ou de durabilidade.

Uma cultura tem em sua linguagem seu ativo mais importante. Com a palavra, cada cultura inventaria o universo a seu jeito. A palavra MANTER, por exemplo, em nossa cultura sugere a ideia de deixar algo em seu estado original, tudo igual. Os orientais já a compreendem como a junção de duas ideias básicas: a de fazer e a de crescer. Manter para eles é fazer crescer. Algo só se mantem se evolui com o tempo.

Posso (e devo) aplicar essa significação em todas as minhas relações. Elas só se sustentam, se progridem. Relações sustentáveis são apenas aquelas que evoluem continuamente.

Ao fazer palestras sobre relações sustentáveis, gosto de iniciá-las perguntando exatamente isso: o que torna uma relação sustentável?

Nas relações pessoais, respeito, tolerância e compaixão, por exemplo, podem contribuir para que uma relação seja mais duradoura, ao passo que as ideias de arrogância, prepotência e egoísmo parecem dificultar as relações. É o que mais ouço.
Em seguida, pergunto quem pratica aquilo que acabaram de apontar ser essencial para ter sustentabilidade nas relações. A verdade é que esperamos mais do outro e nem sempre praticamos aquilo que dizemos esperar.

Avançando nesse viés, o de nos trabalharmos mais do que apenas esperar que o outro contribua com sua parte, começamos a aceitar que a relação sustentável depende sempre mais de nós mesmos do que do outro.

A relação evolui e pode tornar-se sustentável, apenas se eu evoluo. Simples assim. Isso vale para as relações pessoais, institucionais e, também, com a natureza.

Se eu evoluo enquanto pessoa, minhas relações tenderão a ser melhores e com maior potencial de sustentabilidade. No momento que mudo minha atitude e aceito que só posso mudar a mim mesmo e canalizo minha energia para evoluir, minhas relações melhorarão e tenderão a se sustentar.

A relação pressupõe troca, se evoluímos e o outro lado não acompanha, naturalmente, a relação não se sustenta. É assim com amizades, com o casamento, na dimensão profissional, em tudo, enfim. Apenas minha evolução não garante sustentabilidade relacional, mas aumentam as chances tremendamente.

Assim, relações sustentáveis são as que provocam evolução nos dois polos da relação. Se isso não acontece, a relação se precariza e não se mantem.

Autor: Murilo Sampaio

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