Cultura é a forma pela qual o homem inventaria o universo. Deixa valores, linguagens, religiões, artes, ciências e costumes como rastros de sua trajetória. Sua história.
A cultura brasileira apresenta atributos e obras em cada uma dessas dimensões. Sejam os dialetos regionais desenvolvidos em torno da língua portuguesa ou a música de alcance internacional. A cultura brasileira é riquíssima e está presente em nossa rotina diária tanto em casa quanto em nosso trabalho.
O processo de industrialização no país tem pouco mais de um século quando nossa cultura já era muito ou tudo do que é hoje. A indústria é uma concentração de capital transformada em ativos a partir de um paradigma tecnológico. O homem sai da sociedade (com sua cultura), entra em uma determinada empresa (com sua cultura de alguma forma institucionalizada) e precisa operar e manter ativos industriais produzindo resultados econômicos. De poucas décadas pra cá, os resultados passaram a ter que ser sustentáveis sob o ponto de vista ambiental, social e de transparência em sua gestão (isso pode ser considerado um fator cultural que se impôs da sociedade às organizações industriais).
Saindo do todo, chegamos ao homem (esse animal cultural) diante da máquina (a natureza transformada em coisa tecnológica). “As coisas não precisam de você”, nós é que precisamos saber nos relacionarmos com elas. Precisamos performar com elas. Operá-las e mantê-las.
Claro está que a manutenção dos nossos ativos industriais é feita pelo mesmo ser humano que pula carnaval, vibra com futebol, não gosta de ler, vive com pouco dinheiro, tem família, sonhos e contas para pagar. A empresa fala com ele através de normas, procedimentos, treinamentos e cobranças. As metas, raramente, vão além de poucos gerentes. Raramente também chegam a galvanizar esforços além daqueles que a cultura permite.
Se a empresa, sempre através de sua liderança, consegue desenvolver uma cultura marcada por valores e práticas a partir de metáforas inspiradoras e diferenciadas, indo além da nossa cultura organizacional brasileira, é mais que possível que a relação “homem-máquina” vá além do que nossa cultura reservaria à manutenção de seus ativos e patrimônios coletivos e públicos.
A manutenção ideal nascerá com a metáfora que permita ressignificar nossa relação com nossas coisas. No ambiente industrial, cercado de perigos e cuidados, não pode ser muito diferente. Manter é “fazer crescer”. Se a inspiração não for nessa linha, não atingiremos indicadores de disponibilidade e confiabilidade que possam tornar os resultados sustentáveis.
No Brasil, possuímos grandes empresas, com cultura diferenciada e são referência em seu setor e até mesmo na sociedade. Algumas possuem relação diferenciada com seus ativos industriais apresentando desempenho superior sustentável. Outras tratam a manutenção apenas como um custo a ser reduzido sem maior integração com o negócio, seu tempo e suas circunstâncias. Poucas sobrevivem sem que o real significado da palavra manter (fazer crescer) não alcance suas relações, incluindo aí a relação com seus ativos.
Em que estágio sua empresa está?
Autor: Murilo Sampaio
1 Comentário. Deixe novo
Ótima abordagem!
Acredito que as empresas que conseguiram desenvolver uma relação diferenciada com seus Ativos, tiveram uma Liderança com visão a longo prazo, com muito esforço de desenvolvimento da equipe em um segmento industrial resistente e pouco afetado pelas crises constantes em nosso país!